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Lista da delação de Jonas Lopes é nitroglicerina pura


Prefeitos, quatro conselheiros e um ex-conselheiro, políticos, empresas e um ex-governador são peças-chave dentro da delação premiada do ex-presidente do Tribunal de Contas do Estado (TCE), Jonas Lopes de Carvalho, atualmente licenciado. Ele só pode ser afastado por decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) mediante uma condenação. O depoimento, ainda guardado a sete chaves na Corte de Brasília, é tratado nos bastidores da política carioca como nitroglicerina pura. Com base na colaboração de Lopes mais uma operação da Lava Jato promete abalar o Rio de Janeiro ainda este mês ou no início de abril.

Bala na agulha não falta no repertório de Lopes, alimentada pela experiência de comandar a Corte de 2011 a 2016, auge das obras para a Copa do Mundo e Olimpíada. Nesse período, ele tinha o poder de paralisar as fiscalizações do corpo instrutivo do TCE nas obras do Maracanã, Arco Metropolitano, PAC das Favelas e Linha 4 do Metrô. Esses procedimentos, segundo investigação da Polícia Federal, ficaram ‘engavetados’ no gabinete do então presidente. Só no caso do Maracanã eram 22 processos no TCE parados. Até na casa de Lopes foram apreendidos documentos referentes às obras. Os investigadores recolheram ainda três celulares, um deles com linha dos Estados Unidos. Os aparelhos serviriam para negociações com empreiteiras e políticos.

Só para lembrar as construções do Maracanã, Arco Metropolitano e PAC das Favelas foram as mesmas que levaram o ex-governador Sérgio Cabral e mais 11 pessoas para cadeia no ano passado por envolvimento em esquema de propina avaliado em R$ 224 milhões. Hoje o grupo é réu na Justiça Federal.

Para Lopes abrir o ‘bico’ pesaram as acusações contra seu filho, o advogado Jonas Neto de ter clientela, principalmente de prefeitos, que se beneficiavam com a paralisação de fiscalizações na Corte. A atuação do filho levou Jonas a se indispor até com um conselheiro que foi avisá-lo do fato do esquema ser comentado nos bastidores da Corte e até na Assembleia Legislativa (Alerj).

Neste cenário a temperatura no TCE está bem quente. Nos bastidores conselheiros tratam Lopes como um traidor e garantem que estão indignados com a delação e que aguardam, com ansiedade, o teor para rebater. O tribunal começou a ser exposto a partir da delação de dois ex-executivos da Andrade Gutierrez, Clóvis Renato Primo e Rogério Nora de Sá.

Eles contaram que, para garantir a aprovação dos contratos de obras e aditivos no TCE, pagaram propina no valor de 1% do dinheiro repassado à empreiteira. Só no caso da Linha 4 do Metrô a propina chegaria a R$ 66 milhões. Em dezembro, Lopes e o filho foram levados à sede da Polícia Federal à força, ou seja, coercitivamente por ordem judicial. Pai e filho não foram localizados.

Fonte: Coluna Justiça e Cidadania, Jornal O Dia
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